Biblioteca de Saberes
O tempo da floresta não é cronológico, ele é circular. São os ciclos da natureza que ditam os tempos amazônicos. É o ciclo das águas que determina o tempo certo de ir e de voltar, o tempo de pescar, o tempo de plantar e o tempo de colher. E são os conhecimentos acumulados ao longo de décadas, séculos e até milênios que transformam esses tempos amazônicos em estratégias de manejo da biodiversidade.
A economia da floresta inclui os saberes ancestrais sobre o que pode ser produzido, coletado ou extraído da natureza para sustentar os modos de vida das populações amazônicas, saberes que construíram práticas, que manejaram a Amazônia e ajudaram a fazer dela uma verdadeira floresta de alimentos, que também é uma farmácia natural. Ervas e raízes que curam, frutos que, além de terem papel fundamental para a subsistência e geração de renda, têm alto valor nutricional.
Temos o exemplo do açaí, uma das principais cadeias de valor da Amazônia, que sempre foi muito consumido pelos povos tradicionais e tem propriedades que auxiliam na memória, reposição energética, prevenção de doenças cardiovasculares e no bom funcionamento do intestino.
São conhecimentos tradicionais que possibilitam o desenvolvimento de gerações inteiras e que podem inspirar um novo olhar para a economia, para a Amazônia, seus tempos e povos com suas sabedorias.
Quem sou?
Conhecida como Nega do Biluca, Antônia Márcia dos Santos é uma quituteira, marabaixeira e empreendedora, expoente em duas das mais importantes expressões culturais da população negra do Amapá: a gengibirra, uma bebida tradicional à base de gengibre, água, açúcar e cachaça, e o marabaixo, ritmo e dança originários dos negros escravizados trazidos para o Brasil.
Com que cadeias de produção eu trabalho?
Além da produção da gengibirra, que utiliza produtos da agricultura familiar, como o gengibre, outros alimentos fazem parte do universo do marabaixo. Entre eles estão o caldo de carne e legumes, o beiju, feito à base de mandioca, e o chocolate, produzido com cacau nativo da Amazônia, duas das cadeias produtivas mais importantes na região.
Como expressamos nossa cultura?
Os moradores da Vila do Curiaú cuidam da memória dos seus antepassados por meio dos relatos orais dos antigos, pelas festas religiosas ou pelo som do batuque dos tambores do marabaixo, que inclui dança de roda, canto e percussão. Consumida durante as rodas de marabaixo, a gengibirra tem efeito anestésico e cumpre o papel de preparar e recuperar as cordas vocais dos cantadores.
De onde venho?
A poucos quilômetros da capital Macapá, o quilombo do Curiaú, abriga cerca de 500 famílias remanescentes de quilombolas. Fundado por escravos que fugiram durante a construção da Fortaleza de São José de Macapá, no século 18, o Curiaú foi o primeiro quilombo reconhecido no estado do Amapá e o segundo do Brasil.
Quem sou?
Davi Kopenawa é líder espiritual e político do povo Yanomami. Presidente da Hutukara Associação Yanomami, Kopenawa é ativista na defesa dos povos indígenas e da Amazônia, autor, roteirista, produtor cultural e palestrante. Ele foi iniciado no xamanismo por seu sogro. O nome Kopenawa faz referência a espíritos-vespa, conhecidos por sua bravura.
De onde venho?
A Terra Indígena Yanomami, cujo território se espalha pelos estados do Amazonas e Roraima, é o maior território indígena demarcado do país, com uma área maior que Portugal. É, também, a terra indígena mais populosa do Brasil, com mais de 27 mil pessoas, segundo o Censo IBGE.
Qual a história do meu povo?
Os Yanomami são conhecidos como ‘o povo que segura o céu’. Na cosmovisão indígena, Hutukara, o primeiro céu, caiu por causa de erros dos ancestrais, dando origem ao céu sob o qual vivemos hoje, cuja sustentação vem da proteção da natureza. Como protetores da natureza, ajudam a segurar nosso ‘céu’.
Quais saberes meu povo guarda?
O Sistema Agrícola Tradicional Yanomami é reconhecido como patrimônio cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). As práticas de produção rural levaram o povo Yanomami a se tornar uma referência na produção de cogumelos, pimentas e macaxeira, esta última com mais de 30 variedades de espécies cultivadas.
O que ameaça nosso futuro?
A Terra Indígena Yanomami está entre as mais ameaçadas pelo garimpo ilegal no país. Por isso, o povo Yanomami se uniu aos Kayapó e aos Munduruku em um movimento batizado de ‘Aliança contra o Garimpo’, que pressiona o poder público para atuar contra a prática criminosa dentro dos territórios indígenas.
Quem sou?
Janderson da Silva Mendonça é ribeirinho, pescador artesanal e liderança comunitária. Se no passado a família dele viveu da extração ilegal de árvores, hoje Janderson é um verdadeiro guardião da floresta. Na pesca, ele alia técnicas e conhecimentos tradicionais ao conhecimento científico associado ao manejo e à pesca sustentável.
De onde venho?
A comunidade Santa Helena do Inglês, onde ele vive, é um pequeno paraíso às margens do rio Negro, localizada a 60 cerca de quilômetros de Manaus no estado do Amazonas, dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro, criada em 2018. Cercado de florestas e igapós, o vilarejo é habitado por cerca de 130 pessoas, boa parte delas envolvidas nessas duas cadeias produtivas.
De que cadeia produtiva faço parte?
Acostumados à extração ilegal de madeira no passado, moradores da RDS Rio Negro tiveram que buscar novas oportunidades de renda após a criação da unidade de conservação. A pesca passou a ser manejada como fonte de geração de renda para a comunidade, envolvendo atualmente mais de 15 famílias – uma delas é a de Janderson. Jjaraqui e a matrinxã são os peixes mais fisgados.
Que saberes minha atividade guarda?
A pesca praticada por Janderson tem um conhecimento tradicional associado: ele usa uma técnica conhecida como “lanço”, que consiste em estudar os percursos dos peixes para delimitar um espaço para estender as redes no rio. Há lanços de até 60 anos de existência. Segundo os moradores, quanto mais velho, melhor o lanço fica, pois os cardumes se acostumam a passar dentro dele.
Quem eu sou?
Segundo relatos dos anciãos, Mapulu Kamaiurá é a primeira mulher pajé na sociedade Kamaiurá. Nascida em 23 de junho de 1969, é filha de um grande pajé do Alto Xingu: Takumã Kamaiurá, que defendeu um modelo diferenciado para os povos indígenas, contemplando a medicina tradicional e dando ao paciente o direito de escolher entre um atendimento de saúde por um pajé, médico ou ambos.
De onde venho?
Os Kamaiurá são um dos povos que habitam o Parque Indígena do Xingu, em Mato Grosso. Mapulu Kamaiurá vive na aldeia de Ipavu, no Alto Xingu. Na língua dos Kamaiurá, Ipavu significa “água grande” – e é o nome de uma lagoa localizada nas proximidades. Além dos Kamaiurá, outras 15 etnias vivem no Parque Indígena do Xingu.
Que conhecimentos guardo?
Detentora de práticas de cura e pajelança, Mapulu é uma xamã feminina – protagonista em um universo predominantemente masculino. Em sua aldeia, atende aos doentes, participa de reuniões na casa dos homens e das rodas de fumo, momento em que eles se reúnem para debater assuntos políticos e comunitários. As plantas utilizadas por ela nos rituais são cultivadas na aldeia ou coletadas na floresta.
Como me tornei quem sou?
Mapulu foi guiada pelo pai, Takumã Kamaiurá, um dos mais importantes pajés do Alto Xingu, em sua preparação. Foi ele, também, quem iniciou o grande cacique Raoni na pajelança. Além do preparo ao longo de toda uma vida, o processo para que Mapulu pudesse se tornar pajé incluiu abstinência sexual e uma dieta restrita, à base de peixe com pimenta, biju e mingau.
Quem sou?
Maria Nice Machado Aires é uma liderança quilombola e extrativista, quebradeira de coco babaçu, uma palmeira nativa da região Amazônica. Ela integra a coordenação regional do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), no Maranhão, grupo formado por mulheres oriundas de comunidades extrativistas.
O que eu faço?
As quebradeiras quebram o coco da palmeira de babaçu usando machado. Transformam as palhas das folhas em cestos, a casca do coco vira carvão e a castanha se transforma em azeite e sabão. A farinha do babaçu também rende um nutritivo mingau e é usado em algumas cidades como merenda escolar.
Quais cadeias produtivas eu promovo?
O trabalho das quebradeiras de coco babaçu fomenta do extrativismo ao beneficiamento e fabricação de produtos como azeite, sabonetes artesanais, sabão, óleo e farinha, além da cadeia produtiva do artesanato, que tem na palha do babaçu uma matéria prima de bolsas, chapéus e cestarias, enquanto o endocarpo é usado na fabricação de biojoias.
De onde venho?
Maria Nice é uma liderança feminina referência na luta das mulheres quilombolas e extrativista dos quilombos do município de Penalva, no Maranhão, estado que concentra a segunda maior população quilombola do país – que corresponde a 20% dos quilombolas brasileiros, segundo o IBGE.
Quem sou?
Marlene Alves da Costa é artesã e coordena a Associação de Artesanato Sustentável – Grupo Japiim, formado por cerca de 30 mulheres ribeirinhas que confeccionam suas peças usando os produtos da biodiversidade que a floresta oferece. Liderança comunitária, ela também é empreendedora e uma incentivadora da economia circular em comunidades ribeirinhas da região do Baixo Rio Negro, no Amazonas.
De onde venho?
A Comunidade de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, fundada por Marlene, fica localizada no Lago do Acajatuba, situado na margem direita do rio Negro, município de Iranduba, no Amazonas. A vila, onde vivem cerca de 250 pessoas, ficou nacionalmente conhecida como uma das locações da novela “A Força do Querer”, da TV Globo.
A que cadeias de produção pertenço?
O ecoturismo e o artesanato transformaram a comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e a vida de Marlene. A exploração de madeira, a caça e a pesca predatórias foram substituídas pelas atividades sustentáveis. Os homens são responsáveis pela coleta de sementes, cipós e madeiras usadas na produção de artesanato. Açaí, morotó, tucumã, cumaru, abacaba e buriti são algumas das espécies utilizadas.
Que saberes guardo?
Marlene é guardiã de um conhecimento secular, fruto de saberes repassados de geração em geração: a medicina tradicional, que usa a própria floresta como uma gigantesca farmácia natural. Itaúba, pau-santo, copaíba e andiroba são apenas algumas das espécies usadas por ela na cura de gripes e resfriados a dores crônicas, inflamações e, até mesmo, os males da alma.
Quem sou?
Ropni Metyktire, conhecido como Cacique Raoni, nasceu no início da década de 1930 e tem, atualmente, mais de 90 anos de idade. Líder do povo Mebêngôkre, também denominado Kayapó, seu nome de batismo (Ropni), significa “onça”. Começou a usar o botoque, um adorno de madeira no lábio inferior que identifica os guerreiros e porta vozes do povo, aos 15 anos de idade.
De onde venho?
Acredita-se que o Cacique Raoni tenha nascido em uma antiga aldeia Mebêngôkre (Kayapó), denominada Kraimopry-yaka, no nordeste do Estado de Mato Grosso. Seu povo vive em aldeias dispersas ao longo dos rios Iriri, Bacajá, Fresco e de outros afluentes do rio Xingu, nos estados do Pará e Mato Grosso, um território quase tão grande quanto a Áustria, coberto por florestas e áreas de cerrado.
Como me tornei quem sou?
Seu povo vivia isolado até 1954, quando conheceu os irmãos Villas Boas, com quem ele aprendeu português e passou a entender o mundo não indígena. Aos 24 anos, Raoni teve um papel fundamental na pacificação de diversas aldeias. Conhecido internacionalmente após um documentário sobre sua luta, em 1978, rodou o mundo ao lado do músico Sting em 1989 para divulgar a mensagem de preservação das florestas.
Qual meu legado?
Nos anos de 1980 e 1990, Raoni foi fundamental para a demarcação de terras indígenas, incluindo os territórios Mẽbêngôkre, um dos maiores blocos contínuos de floresta tropical do mundo. Sua atuação durante a Assembleia Constituinte resultou na inclusão dos direitos fundamentais dos povos indígenas na Constituição Federal de 1988. Por sua trajetória, foi cotado para o Nobel da Paz em 2020.
Quem sou?
Rosângela Cunha é extrativista e presidente da Associação das Mulheres Agroextrativistas do Médio Juruá (Asmamj), que reúne mais de 200 mulheres coletoras de sementes. Apesar de serem as maiores coletoras, o reconhecimento ainda é, quase sempre, exclusividade dos homens. Por isso, elas buscam mais espaço e protagonismo na região, conhecida por sua forte organização e coesão social.
De onde venho?
Rosângela vive na comunidade São Raimundo, na Reserva Extrativista (Resex) Juruá, que fica na região do Médio rio Juruá, estado do Amazonas. A comunidade, habitada por 34 famílias, tem como principais fontes de renda a produção de farinha de mandioca, a extração de látex para produção de borracha e a coleta de sementes de andiroba, ucuuba e murumuru, além da pesca do pirarucu.
Como fazemos bioeconomia?
As mulheres do Médio Juruá uniram a tradição agroextrativista com a inovação para criar polos de produção de biocosméticos e biojoias a partir de produtos da biodiversidade amazônica coletados por elas. Com a andiroba, copaíba e murumuru, elas produzem óleos de massagem, sabonetes e cremes faciais. As escamas do pirarucu e sementes viram artesanato, pulseiras, brincos e colares.
Como meu trabalho contribui para as ODS e para o equilíbrio ambiental?
A equidade de gêneros, por meio do empoderamento de mulheres e meninas, é um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, e a participação das mulheres nas cadeias de valor de produtos da sociobiodiversidade abre caminho para essa meta, ao mesmo tempo em que agrega valor aos produtos da floresta em pé.
Quem sou?
Valdenira Batista é uma artesã, parceira e liderança indígena do povo Huni Kuin, também conhecido como Kaxinawá, que habita territórios do Estado do Acre. Ela aprendeu a fazer partos com a mãe, a quem acompanhava desde pequena, e se tornou uma referência na saúde da mulher indígena gestante. Além disso, coordena grupos de mulheres artesãs.
De onde venho?
Os Huni Kuin ou Kaxinawá pertencem à família linguística Pano, que habita a floresta tropical no leste peruano, do pé dos Andes até a fronteira com o Brasil, no Acre e sul do Amazonas, abarcando as áreas do Alto Rrio Juruá, Alto Rrio Purus e do Vale do Javari. No Acre, se espalham pelos rios Tarauacá, Jordão, Breu, Muru, Envira, Humaitá e Purus.
Que saberes guardo?
A história dos partos contada pelo povo Huni Kuin é recheada da cosmovisão indígena. Segundo a lenda, as mulheres que engravidavam acreditavam que iriam morrer, pois a única mulher habilitada a fazer os partos as matava para retirar o fígado delas e comer o órgão com pão de milho. Foi uma “ratinha” que ensinou como fazer o bom parto, recomendando, inclusive, uma dieta mais saudável para as mães.
Como contribuo com a cultura do meu povo?
Valdenira defende a valorização da tradição milenar das parteiras indígenas, que priorizam o parto domiciliar, respeitando o resguardo, os cuidados com a criança, a afetividade e o ambiente envolto na cena do parto. Elas zelam pela importância do nascer sem violência e oferecem apoio emocional às grávidas, praticando o que é chamado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) como “parto humanizado”.
Conheça alguns verbetes do vocabulário amazônico
Desenvolvimento Sustentável
É a estratégia que supre as necessidades ambientais, sociais e econômicas atuais sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. Ele busca o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, o progresso social e a conservação do meio ambiente.
Etnoturismo
Turismo de base comunitária em territórios de comunidades tradicionais que contempla a vivência do dia a dia daquela população e com atividades que propiciam uma imersão na cultura e no modo de vida local. Diferente do ecoturismo, onde o visitante usufrui apenas das belezas naturais, o etnoturismo promove uma conexão não apenas com o local, mas também com as pessoas da região.
Rede ou Cadeia Produtiva
Também chamada de cadeia de valor ou de suprimento, é uma longa corrente composta pelo conjunto de atividades realizadas nas diversas etapas de processamento de um produto, desde a matéria-prima, passando pelo beneficiamento, intermediários, processo de transformação, até chegar ao mercado ou consumidor final.
Restauração
Consiste na reconstituição de um ecossistema, como uma floresta, seja por meio do plantio de espécies nativas em áreas desmatadas ou por meio da regeneração natural de áreas degradadas. Essa restituição deve ser a mais próxima possível da condição original.
Bioeconomia
Atividade econômica que gera renda e riqueza a partir do desenvolvimento de produtos derivados de recursos biológicos com o uso de tecnologias inovadoras. que reduz o impacto ambiental e reconhece o conhecimento tradicional de diferentes povos que vivem na ou da floresta.
Amazônia Legal
A expressão “Amazônia Legal” é utilizada para definir uma área que corresponde a 59% do território brasileiro e que engloba os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, além de parte do Maranhão. É um conceito criado para planejar o desenvolvimento econômico nessa região, não se resumindo apenas ao ecossistema amazônico, que ocupa 49% do território nacional, se estendendo ainda por mais oito países.
Descarbonização
Substituição do uso de recursos fósseis por recursos renováveis, medida necessária para uma economia de baixo carbono, contribuindo para a redução da emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE).
Povos e Comunidades Tradicionais
Segundo o Decreto 6.040/2007, Povos e Comunidades Tradicionais (PCT) são grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, possuem formas próprias de organização social, ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição. Em todo o Brasil, existem cerca de 30 categorias de povos e comunidades tradicionais reconhecidas, e pelo menos 11 delas habitam a Amazônia.
Economia Circular
Sistema econômico que busca o melhor uso dos recursos naturais em toda a cadeia, evitando desperdícios e promovendo a recirculação dos recursos utilizados. Ao longo desse processo, são criadas oportunidades de trabalho e de negócios. Segundo a CNI, atualmente 76% das empresas brasileiras adotam alguma prática de economia circular.
Manejo
Aplicação de práticas, técnicas e procedimentos que interferem nas condições ambientais de uma determinada área, com o objetivo de aumentar sua produtividade e agregar valor aos produtos, ao mesmo tempo em que garante a sua disponibilidade futura e a prestação dos serviços ecológicos.
Extrativismo
Modelo que busca a manutenção dos processos ecológicos e da biodiversidade e o desenvolvimento econômico e social a partir da extração e coleta de produtos da biodiversidade. Na Amazônia, as principais atividades extrativistas são a coleta de frutos e sementes e a extração de óleos, realizados em trabalhos familiares e/ou comunitários.
Cosmovisão
Maneira subjetiva de ver e entender o mundo a partir de um conjunto ordenado de valores, crenças, impressões, sentimentos e concepções. A cosmovisão indígena é a forma pela qual os povos indígenas constroem as normas, regras e a relação com o mundo, seus ecossistemas e todos os organismos que dele fazem parte.
Biblioteca de Saberes
O tempo da floresta não é cronológico, ele é circular. São os ciclos da natureza que ditam os tempos amazônicos. É o ciclo das águas que determina o tempo certo de ir e de voltar, o tempo de pescar, o tempo de plantar e o tempo de colher. E são os conhecimentos acumulados ao longo de décadas, séculos e até milênios que transformam esses tempos amazônicos em estratégias de manejo da biodiversidade.
A economia da floresta inclui os saberes ancestrais sobre o que pode ser produzido, coletado ou extraído da natureza para sustentar os modos de vida das populações amazônicas, saberes que construíram práticas, que manejaram a Amazônia e ajudaram a fazer dela uma verdadeira floresta de alimentos, que também é uma farmácia natural. Ervas e raízes que curam, frutos que, além de terem papel fundamental para a subsistência e geração de renda, têm alto valor nutricional.
Temos o exemplo do açaí, uma das principais cadeias de valor da Amazônia, que sempre foi muito consumido pelos povos tradicionais e tem propriedades que auxiliam na memória, reposição energética, prevenção de doenças cardiovasculares e no bom funcionamento do intestino.
São conhecimentos tradicionais que possibilitam o desenvolvimento de gerações inteiras e que podem inspirar um novo olhar para a economia, para a Amazônia, seus tempos e povos com suas sabedorias.
Quem sou?
Conhecida como Nega do Biluca, Antônia Márcia dos Santos é uma quituteira, marabaixeira e empreendedora, expoente em duas das mais importantes expressões culturais da população negra do Amapá: a gengibirra, uma bebida tradicional à base de gengibre, água, açúcar e cachaça, e o marabaixo, ritmo e dança originários dos negros escravizados trazidos para o Brasil.
Com que cadeias de produção eu trabalho?
Além da produção da gengibirra, que utiliza produtos da agricultura familiar, como o gengibre, outros alimentos fazem parte do universo do marabaixo. Entre eles estão o caldo de carne e legumes, o beiju, feito à base de mandioca, e o chocolate, produzido com cacau nativo da Amazônia, duas das cadeias produtivas mais importantes na região.
Como expressamos nossa cultura?
Os moradores da Vila do Curiaú cuidam da memória dos seus antepassados por meio dos relatos orais dos antigos, pelas festas religiosas ou pelo som do batuque dos tambores do marabaixo, que inclui dança de roda, canto e percussão. Consumida durante as rodas de marabaixo, a gengibirra tem efeito anestésico e cumpre o papel de preparar e recuperar as cordas vocais dos cantadores.
De onde venho?
A poucos quilômetros da capital Macapá, o quilombo do Curiaú, abriga cerca de 500 famílias remanescentes de quilombolas. Fundado por escravos que fugiram durante a construção da Fortaleza de São José de Macapá, no século 18, o Curiaú foi o primeiro quilombo reconhecido no estado do Amapá e o segundo do Brasil.
Quem sou?
Davi Kopenawa é líder espiritual e político do povo Yanomami. Presidente da Hutukara Associação Yanomami, Kopenawa é ativista na defesa dos povos indígenas e da Amazônia, autor, roteirista, produtor cultural e palestrante. Ele foi iniciado no xamanismo por seu sogro. O nome Kopenawa faz referência a espíritos-vespa, conhecidos por sua bravura.
De onde venho?
A Terra Indígena Yanomami, cujo território se espalha pelos estados do Amazonas e Roraima, é o maior território indígena demarcado do país, com uma área maior que Portugal. É, também, a terra indígena mais populosa do Brasil, com mais de 27 mil pessoas, segundo o Censo IBGE.
Qual a história do meu povo?
Os Yanomami são conhecidos como ‘o povo que segura o céu’. Na cosmovisão indígena, Hutukara, o primeiro céu, caiu por causa de erros dos ancestrais, dando origem ao céu sob o qual vivemos hoje, cuja sustentação vem da proteção da natureza. Como protetores da natureza, ajudam a segurar nosso ‘céu’.
Quais saberes meu povo guarda?
O Sistema Agrícola Tradicional Yanomami é reconhecido como patrimônio cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). As práticas de produção rural levaram o povo Yanomami a se tornar uma referência na produção de cogumelos, pimentas e macaxeira, esta última com mais de 30 variedades de espécies cultivadas.
O que ameaça nosso futuro?
A Terra Indígena Yanomami está entre as mais ameaçadas pelo garimpo ilegal no país. Por isso, o povo Yanomami se uniu aos Kayapó e aos Munduruku em um movimento batizado de ‘Aliança contra o Garimpo’, que pressiona o poder público para atuar contra a prática criminosa dentro dos territórios indígenas.
Quem sou?
Janderson da Silva Mendonça é ribeirinho, pescador artesanal e liderança comunitária. Se no passado a família dele viveu da extração ilegal de árvores, hoje Janderson é um verdadeiro guardião da floresta. Na pesca, ele alia técnicas e conhecimentos tradicionais ao conhecimento científico associado ao manejo e à pesca sustentável.
De onde venho?
A comunidade Santa Helena do Inglês, onde ele vive, é um pequeno paraíso às margens do rio Negro, localizada a 60 cerca de quilômetros de Manaus no estado do Amazonas, dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro, criada em 2018. Cercado de florestas e igapós, o vilarejo é habitado por cerca de 130 pessoas, boa parte delas envolvidas nessas duas cadeias produtivas.
De que cadeia produtiva faço parte?
Acostumados à extração ilegal de madeira no passado, moradores da RDS Rio Negro tiveram que buscar novas oportunidades de renda após a criação da unidade de conservação. A pesca passou a ser manejada como fonte de geração de renda para a comunidade, envolvendo atualmente mais de 15 famílias – uma delas é a de Janderson. Jjaraqui e a matrinxã são os peixes mais fisgados.
Que saberes minha atividade guarda?
A pesca praticada por Janderson tem um conhecimento tradicional associado: ele usa uma técnica conhecida como “lanço”, que consiste em estudar os percursos dos peixes para delimitar um espaço para estender as redes no rio. Há lanços de até 60 anos de existência. Segundo os moradores, quanto mais velho, melhor o lanço fica, pois os cardumes se acostumam a passar dentro dele.
Quem eu sou?
Segundo relatos dos anciãos, Mapulu Kamaiurá é a primeira mulher pajé na sociedade Kamaiurá. Nascida em 23 de junho de 1969, é filha de um grande pajé do Alto Xingu: Takumã Kamaiurá, que defendeu um modelo diferenciado para os povos indígenas, contemplando a medicina tradicional e dando ao paciente o direito de escolher entre um atendimento de saúde por um pajé, médico ou ambos.
De onde venho?
Os Kamaiurá são um dos povos que habitam o Parque Indígena do Xingu, em Mato Grosso. Mapulu Kamaiurá vive na aldeia de Ipavu, no Alto Xingu. Na língua dos Kamaiurá, Ipavu significa “água grande” – e é o nome de uma lagoa localizada nas proximidades. Além dos Kamaiurá, outras 15 etnias vivem no Parque Indígena do Xingu.
Que conhecimentos guardo?
Detentora de práticas de cura e pajelança, Mapulu é uma xamã feminina – protagonista em um universo predominantemente masculino. Em sua aldeia, atende aos doentes, participa de reuniões na casa dos homens e das rodas de fumo, momento em que eles se reúnem para debater assuntos políticos e comunitários. As plantas utilizadas por ela nos rituais são cultivadas na aldeia ou coletadas na floresta.
Como me tornei quem sou?
Mapulu foi guiada pelo pai, Takumã Kamaiurá, um dos mais importantes pajés do Alto Xingu, em sua preparação. Foi ele, também, quem iniciou o grande cacique Raoni na pajelança. Além do preparo ao longo de toda uma vida, o processo para que Mapulu pudesse se tornar pajé incluiu abstinência sexual e uma dieta restrita, à base de peixe com pimenta, biju e mingau.
Quem sou?
Maria Nice Machado Aires é uma liderança quilombola e extrativista, quebradeira de coco babaçu, uma palmeira nativa da região Amazônica. Ela integra a coordenação regional do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), no Maranhão, grupo formado por mulheres oriundas de comunidades extrativistas.
O que eu faço?
As quebradeiras quebram o coco da palmeira de babaçu usando machado. Transformam as palhas das folhas em cestos, a casca do coco vira carvão e a castanha se transforma em azeite e sabão. A farinha do babaçu também rende um nutritivo mingau e é usado em algumas cidades como merenda escolar.
Quais cadeias produtivas eu promovo?
O trabalho das quebradeiras de coco babaçu fomenta do extrativismo ao beneficiamento e fabricação de produtos como azeite, sabonetes artesanais, sabão, óleo e farinha, além da cadeia produtiva do artesanato, que tem na palha do babaçu uma matéria prima de bolsas, chapéus e cestarias, enquanto o endocarpo é usado na fabricação de biojoias.
De onde venho?
Maria Nice é uma liderança feminina referência na luta das mulheres quilombolas e extrativista dos quilombos do município de Penalva, no Maranhão, estado que concentra a segunda maior população quilombola do país – que corresponde a 20% dos quilombolas brasileiros, segundo o IBGE.
Quem sou?
Marlene Alves da Costa é artesã e coordena a Associação de Artesanato Sustentável – Grupo Japiim, formado por cerca de 30 mulheres ribeirinhas que confeccionam suas peças usando os produtos da biodiversidade que a floresta oferece. Liderança comunitária, ela também é empreendedora e uma incentivadora da economia circular em comunidades ribeirinhas da região do Baixo Rio Negro, no Amazonas.
De onde venho?
A Comunidade de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, fundada por Marlene, fica localizada no Lago do Acajatuba, situado na margem direita do rio Negro, município de Iranduba, no Amazonas. A vila, onde vivem cerca de 250 pessoas, ficou nacionalmente conhecida como uma das locações da novela “A Força do Querer”, da TV Globo.
A que cadeias de produção pertenço?
O ecoturismo e o artesanato transformaram a comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e a vida de Marlene. A exploração de madeira, a caça e a pesca predatórias foram substituídas pelas atividades sustentáveis. Os homens são responsáveis pela coleta de sementes, cipós e madeiras usadas na produção de artesanato. Açaí, morotó, tucumã, cumaru, abacaba e buriti são algumas das espécies utilizadas.
Que saberes guardo?
Marlene é guardiã de um conhecimento secular, fruto de saberes repassados de geração em geração: a medicina tradicional, que usa a própria floresta como uma gigantesca farmácia natural. Itaúba, pau-santo, copaíba e andiroba são apenas algumas das espécies usadas por ela na cura de gripes e resfriados a dores crônicas, inflamações e, até mesmo, os males da alma.
Quem sou?
Ropni Metyktire, conhecido como Cacique Raoni, nasceu no início da década de 1930 e tem, atualmente, mais de 90 anos de idade. Líder do povo Mebêngôkre, também denominado Kayapó, seu nome de batismo (Ropni), significa “onça”. Começou a usar o botoque, um adorno de madeira no lábio inferior que identifica os guerreiros e porta vozes do povo, aos 15 anos de idade.
De onde venho?
Acredita-se que o Cacique Raoni tenha nascido em uma antiga aldeia Mebêngôkre (Kayapó), denominada Kraimopry-yaka, no nordeste do Estado de Mato Grosso. Seu povo vive em aldeias dispersas ao longo dos rios Iriri, Bacajá, Fresco e de outros afluentes do rio Xingu, nos estados do Pará e Mato Grosso, um território quase tão grande quanto a Áustria, coberto por florestas e áreas de cerrado.
Como me tornei quem sou?
Seu povo vivia isolado até 1954, quando conheceu os irmãos Villas Boas, com quem ele aprendeu português e passou a entender o mundo não indígena. Aos 24 anos, Raoni teve um papel fundamental na pacificação de diversas aldeias. Conhecido internacionalmente após um documentário sobre sua luta, em 1978, rodou o mundo ao lado do músico Sting em 1989 para divulgar a mensagem de preservação das florestas.
Qual meu legado?
Nos anos de 1980 e 1990, Raoni foi fundamental para a demarcação de terras indígenas, incluindo os territórios Mẽbêngôkre, um dos maiores blocos contínuos de floresta tropical do mundo. Sua atuação durante a Assembleia Constituinte resultou na inclusão dos direitos fundamentais dos povos indígenas na Constituição Federal de 1988. Por sua trajetória, foi cotado para o Nobel da Paz em 2020.
Quem sou?
Rosângela Cunha é extrativista e presidente da Associação das Mulheres Agroextrativistas do Médio Juruá (Asmamj), que reúne mais de 200 mulheres coletoras de sementes. Apesar de serem as maiores coletoras, o reconhecimento ainda é, quase sempre, exclusividade dos homens. Por isso, elas buscam mais espaço e protagonismo na região, conhecida por sua forte organização e coesão social.
De onde venho?
Rosângela vive na comunidade São Raimundo, na Reserva Extrativista (Resex) Juruá, que fica na região do Médio rio Juruá, estado do Amazonas. A comunidade, habitada por 34 famílias, tem como principais fontes de renda a produção de farinha de mandioca, a extração de látex para produção de borracha e a coleta de sementes de andiroba, ucuuba e murumuru, além da pesca do pirarucu.
Como fazemos bioeconomia?
As mulheres do Médio Juruá uniram a tradição agroextrativista com a inovação para criar polos de produção de biocosméticos e biojoias a partir de produtos da biodiversidade amazônica coletados por elas. Com a andiroba, copaíba e murumuru, elas produzem óleos de massagem, sabonetes e cremes faciais. As escamas do pirarucu e sementes viram artesanato, pulseiras, brincos e colares.
Como meu trabalho contribui para as ODS e para o equilíbrio ambiental?
A equidade de gêneros, por meio do empoderamento de mulheres e meninas, é um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, e a participação das mulheres nas cadeias de valor de produtos da sociobiodiversidade abre caminho para essa meta, ao mesmo tempo em que agrega valor aos produtos da floresta em pé.
Quem sou?
Valdenira Batista é uma artesã, parceira e liderança indígena do povo Huni Kuin, também conhecido como Kaxinawá, que habita territórios do Estado do Acre. Ela aprendeu a fazer partos com a mãe, a quem acompanhava desde pequena, e se tornou uma referência na saúde da mulher indígena gestante. Além disso, coordena grupos de mulheres artesãs.
De onde venho?
Os Huni Kuin ou Kaxinawá pertencem à família linguística Pano, que habita a floresta tropical no leste peruano, do pé dos Andes até a fronteira com o Brasil, no Acre e sul do Amazonas, abarcando as áreas do Alto Rrio Juruá, Alto Rrio Purus e do Vale do Javari. No Acre, se espalham pelos rios Tarauacá, Jordão, Breu, Muru, Envira, Humaitá e Purus.
Que saberes guardo?
A história dos partos contada pelo povo Huni Kuin é recheada da cosmovisão indígena. Segundo a lenda, as mulheres que engravidavam acreditavam que iriam morrer, pois a única mulher habilitada a fazer os partos as matava para retirar o fígado delas e comer o órgão com pão de milho. Foi uma “ratinha” que ensinou como fazer o bom parto, recomendando, inclusive, uma dieta mais saudável para as mães.
Como contribuo com a cultura do meu povo?
Valdenira defende a valorização da tradição milenar das parteiras indígenas, que priorizam o parto domiciliar, respeitando o resguardo, os cuidados com a criança, a afetividade e o ambiente envolto na cena do parto. Elas zelam pela importância do nascer sem violência e oferecem apoio emocional às grávidas, praticando o que é chamado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) como “parto humanizado”.
Conheça alguns verbetes do vocabulário amazônico
Desenvolvimento Sustentável
É a estratégia que supre as necessidades ambientais, sociais e econômicas atuais sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. Ele busca o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, o progresso social e a conservação do meio ambiente.
Etnoturismo
Turismo de base comunitária em territórios de comunidades tradicionais que contempla a vivência do dia a dia daquela população e com atividades que propiciam uma imersão na cultura e no modo de vida local. Diferente do ecoturismo, onde o visitante usufrui apenas das belezas naturais, o etnoturismo promove uma conexão não apenas com o local, mas também com as pessoas da região.
Rede ou Cadeia Produtiva
Também chamada de cadeia de valor ou de suprimento, é uma longa corrente composta pelo conjunto de atividades realizadas nas diversas etapas de processamento de um produto, desde a matéria-prima, passando pelo beneficiamento, intermediários, processo de transformação, até chegar ao mercado ou consumidor final.
Restauração
Consiste na reconstituição de um ecossistema, como uma floresta, seja por meio do plantio de espécies nativas em áreas desmatadas ou por meio da regeneração natural de áreas degradadas. Essa restituição deve ser a mais próxima possível da condição original.
Bioeconomia
Atividade econômica que gera renda e riqueza a partir do desenvolvimento de produtos derivados de recursos biológicos com o uso de tecnologias inovadoras. que reduz o impacto ambiental e reconhece o conhecimento tradicional de diferentes povos que vivem na ou da floresta.
Amazônia Legal
A expressão “Amazônia Legal” é utilizada para definir uma área que corresponde a 59% do território brasileiro e que engloba os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, além de parte do Maranhão. É um conceito criado para planejar o desenvolvimento econômico nessa região, não se resumindo apenas ao ecossistema amazônico, que ocupa 49% do território nacional, se estendendo ainda por mais oito países.
Descarbonização
Substituição do uso de recursos fósseis por recursos renováveis, medida necessária para uma economia de baixo carbono, contribuindo para a redução da emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE).
Povos e Comunidades Tradicionais
Segundo o Decreto 6.040/2007, Povos e Comunidades Tradicionais (PCT) são grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, possuem formas próprias de organização social, ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição. Em todo o Brasil, existem cerca de 30 categorias de povos e comunidades tradicionais reconhecidas, e pelo menos 11 delas habitam a Amazônia.
Economia Circular
Sistema econômico que busca o melhor uso dos recursos naturais em toda a cadeia, evitando desperdícios e promovendo a recirculação dos recursos utilizados. Ao longo desse processo, são criadas oportunidades de trabalho e de negócios. Segundo a CNI, atualmente 76% das empresas brasileiras adotam alguma prática de economia circular.
Manejo
Aplicação de práticas, técnicas e procedimentos que interferem nas condições ambientais de uma determinada área, com o objetivo de aumentar sua produtividade e agregar valor aos produtos, ao mesmo tempo em que garante a sua disponibilidade futura e a prestação dos serviços ecológicos.
Extrativismo
Modelo que busca a manutenção dos processos ecológicos e da biodiversidade e o desenvolvimento econômico e social a partir da extração e coleta de produtos da biodiversidade. Na Amazônia, as principais atividades extrativistas são a coleta de frutos e sementes e a extração de óleos, realizados em trabalhos familiares e/ou comunitários.
Cosmovisão
Maneira subjetiva de ver e entender o mundo a partir de um conjunto ordenado de valores, crenças, impressões, sentimentos e concepções. A cosmovisão indígena é a forma pela qual os povos indígenas constroem as normas, regras e a relação com o mundo, seus ecossistemas e todos os organismos que dele fazem parte.